Pratos clássicos da cidade de São Paulo

Antes de mais nada, cabe esclarecer, que o foco dessa matéria sobre pratos clássicos da cidade de São Paulo, não confunde clássico com típico.

O típico, pode não resistir ao tempo. O clássico, porém, perpetua, convidando ao eterno retorno.

Nessa época estranha, onde as novidades duram apenas por um clique, precisamos de mais clássicos! Gerações que se sucedam, lugares que permaneçam em pé, pratos que desafiem o tempo.

Enfim, necessitamos de memórias ou, irremediavelmente, nos perderemos para sempre.

Comer, comer, comer, comer

A cidade de São Paulo é sinônimo de comer bem, por um motivo muito especial, ela sempre abraçou a diversidade.

Aqui, muitas histórias de vida entrelaçaram-se, culturas se misturaram, sem entretanto, precisarem perder a identidade.

Uns atravessaram oceanos, outros venceram longas jornadas de terra; quanto a mim, desde que nasci, cá estive com mais um bocado de gente.

E, assim, criamos aos poucos, nossa babel que, por vezes se confunde, por outras se entende, mas segue em frente, apesar de.

O concreto de nossas esquinas é duro, duríssimo, mas afeito a fissuras, de onde podem brotar flores; afinal: “Somos o avesso, do avesso, do avesso, do avesso”, poetizou Caetano.

Então, para comemorar esse e tantos outros aniversários, pedi a alguns chefs e restaurateurs, que indicassem estabelecimentos e pratos clássicos da cidade de São Paulo.

Amei as dicas e compartilho com vocês. Tem restaurante, lanchonete, bar, pratos, petiscos e até patrimônio cultural, enfim, tanta coisa boa!

Meu desejo sincero? Que visitem, provem, criem memórias, perpetuem. A vida é passageira, mas a história não tem tempo para acabar.

Pratos clássicos da cidade de São Paulo

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Rodrigo Oliveira

chef do restaurante Mocotó, que oferece comida sertaneja e também já é um clássico da cidade com 50 anos de história, indicou o Bar do Luiz Fernandes, tradicionalíssimo na Zona Norte.

Seu Luiz e Dona Idalina criaram um boteco com alma, que funciona desde 1970. Tudo por lá é muito bom, mas o coração do Rodrigo bate mais forte pelo Bolinho de Carne.

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Amanda Vasconcelos

chef da Casa Tucupi, que serve comida do Norte do Brasil, indicou a Ugue’s Lanchonete e sua Feijoada.

“Frequentei muito na época da faculdade, antes era do outro lado da rua. Tem uma feijoada deliciosa com cerveja gelada”.

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Telma Shiraishi

chef do restaurante Aizomê e Embaixadora da Culinária Japonesa, indicou os pastéis e salgados do Yoka na Liberdade.

“Sempre que vou fazer compras no bairro separo um tempinho pra me deliciar por lá.”

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Marcos Livi

chef gaúcho do grupo BAH, que comanda diversos restaurantes na cidade, como: Verissimo, Quintana, Brique e a pizzaria Napoli Centrale; indicou o Ponto Chic e seu Bauru, que pela lei 16.914/2018 é Patrimônio Cultural de São Paulo.

O famoso sanduíche foi criado no restaurante por Casimiro Pinto Neto, natural da cidade de Bauru. Ele ditou a receita para o chapeiro e o lanche ficou então conhecido como “O sanduíche do Bauru”.

Sua receita tradicional é feita com pão francês, rosbife, tomate, pepino em conserva, mistura de quatro queijos fundidos em banho-maria: prato, estepe, gouda e suíço.

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Bel Coelho

chef do Cuia Restaurante e Café, indicou como prato clássico da cidade de São Paulo o Baião de Dois do restaurante Mocotó.

“Amo baião e o Rodrigo faz o melhor! Fora a relação afetiva com o Mocotó, restaurante que vou sempre – e sempre tenho vontade de voltar!”

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Ana Soares

chef da Mesa III Pastifício, indicou o tradicional francês La Casserole, desde 1954 no Largo do Arouche, e seu clássico Escargot.

“Adoro escargots!!!…e…Me sinto em Paris! Por incrível que pareça faz muito tempo que não vou e estou morta de saudades…!”

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Helô Bacellar

chef e escritora (site Na Cozinha da Helô), foi comandante do saudoso Lá da Venda (ah, como lá eu me sentia em casa!), indicou o Almanara da Basílio da Gama no Centro e seu Michui de Filé Mignon. O restaurante existe desde 1950.

“Faz parte da vida. Eu me lembro de, em 1980, ir com um amigo de faculdade que morava no Centro e ia sempre. Achei lindo. Tinha um rodízio, do tipo festim! Depois, trabalhei ali do lado de 1983 a 1993, ia muito. Aquele espeto tem gosto de churrasco de antigamente (anos 1960 e 1970, churrasco era espeto com cebola, tomate e pimentão).

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Thiago Bañares

chef dos asiáticos Tan Tan e Kotori; bem como, sócio do bar de alta coquetelaria The Liquor Store.

Em 2023, entrou na lista das 100 pessoas mais influentes da coquetelaria mundial (ranking The Industry’s Most Influential Figures pela revista Drinks International).

Sua indicação é a Pastelaria Yokoyama, que funciona desde 1967. “O Bauruzinho de lá é a cara da minha infância!”

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Ivo Tavares

restaurateur da Casa Tavares, indicou o Hocca Bar e seu icônico Bolinho de Bacalhau. “O bolinho de lá tem o equilíbrio perfeito entre a batata, a salsinha e o bacalhau.”

Desde sua fundação, em 1952, o estabelecimento criado pelo casal de imigrantes portugueses, Horácio e Maria, é uma das atrações mais conhecidas e apreciadas do Mercado Municipal de São Paulo.

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Tuca Mezzomo

chef dos restaurantes Charco e Vista Jardins, indicou o Virado à Paulista de dois lugares: Ministro Bar e Lanchonete, onde ele come com mais frequência, porque é próximo do Charco. Bem como, o tradicional Sujinho, famoso desde a década de 60 quando atraía artistas da Jovem Guarda.

Declarado patrimônio imaterial do Estado de São Paulo desde 2018, o prato é uma combinação deliciosa – e muito potente! – de arroz, tutu de feijão, bisteca de porco, torresmo, ovo frito, couve refogada e ainda banana à milanesa.

“Foi a primeira comida paulista que eu me apaixonei. Cozinheiro costuma folgar na segunda-feira e, pra minha sorte, o prato da segunda é o virado.”

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Caique Pallas

chef do Bacalhau, Vinho & Cia (fundado em 1973), terceira geração dessa casa igualmente tradicional paulistana; indicou o restaurante armênio Arais do Carlinhos.

“Era no Pari e agora mudou-se para um shopping no Brás. Tem dois pratos que eu e meu pai, José Carlos Pallas, comemos há muitos anos – o Arais e o Cordeiro Recheado”.

O Arais do Carlinhos, com mais de 50 anos de tradição, foi fundado pelo armênio Missak Yaroussalian (conhecido como Carlinhos) e conquistou clientes com seu sanduíche prensado e grelhado no pão sírio (o Arais). Entre os recheios, acompanhados pelo molho especial da casa: Carne de Kafta, que pode ganhar muçarela derretida e Pernil de Cordeiro desfiado, cebola crua e queijo muçarela.

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Fabio Vieira

chef do Santo Grão, indicou o Vinagrete de Frutos do Mar do Bar do Luiz Nozoie, fundado em 1962.

Senhor Luiz, inicia sua história com uma Sorveteria, produzindo sorvetes com sabores diversos. Passado um tempo percebeu então, que seria melhor aproveitar a sorveteira para gelar cervejas mais rápido. Transformou seu estabelecimento num bar e sua esposa, Dona Shizue, começou a produzir os petiscos.

Alessander Guerra

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