Dia da Cerveja –mitos e verdades

No Dia da Cerveja, o beer sommelier Tulio Rodrigues (Beer Academy) conta aos leitores do Cuecas na Cozinha sobre mitos e verdades com relação a bebida tão apreciada no Brasil.

Dia da Cerveja - Dia da Cerveja –mitos e verdades

O Dia da Cerveja é uma data internacional, comemorada em mais de 50 países do mundo, sempre na primeira sexta-feira do mês de agosto.

Tudo começou em 2007 quando quatro amigos americanos da Califórnia, resolveram que deveria haver uma data comemorativa para a cerveja, tão popular quanto a festa irlandesa, Dia de St. Patrick. De lá pra cá, a festa foi crescendo ao redor do mundo, assim como os mitos e verdades que cercam a cerveja.

Então vamos lá, caro Tulio, nesse Dia da Cerveja nos conte mitos e verdades que rondam essa paixão nacional durante todos os dias do ano.

Dia da Cerveja –mitos e verdades

1.     Cerveja deve ser colocada deitada na geladeira para gelar mais rápido: mito.

De acordo com o beer sommelier Tulio Rodrigues, a melhor posição para armazenar e gelar cervejas é de pé, “para que a superfície de contato do líquido com o ar seja menor”.

A cerveja deve ser resfriada gradualmente; colocá-la no congelador, só se for momentos antes de servi-la, ensina Tulio.

2.     Cerveja não deve ser servida muito gelada: verdade.

Quando servida em baixíssima temperatura (“estupidamente gelada”, como costumamos dizer), a cerveja acaba anestesiando as papilas gustativas da língua, que fazem com que você perca a sensibilidade para degustar a bebida. “O calor pede cervejas geladas, mas sem exageros”, explica Tulio Rodrigues.

3.     Chope é a mesma coisa que cerveja: verdade.

O chope e a cerveja são, sim, a mesma bebida. A única diferença é que a cerveja passa por pasteurização (um tratamento térmico que garante maior prazo de validade ao produto).

O chope, por sua vez, não passa pelo mesmo processo, é mais calórico do que a cerveja e tem um prazo de validade menor.

4.     Cerveja dá barriga: mito.

“Esse é o mito mais famoso que existe em torno da cerveja. A Ciência já comprovou que a cerveja, se consumida com moderação, não é a responsável pelo aumento de peso nem de gordura abdominal”, afirma Tulio Rodrigues.

Estudos mostraram que o que engorda não é a cerveja, e sim os alimentos gordurosos (salgadinhos e outros tira-gostos calóricos) que são comumente associados ao consumo da bebida.

Dia da Cerveja + Mitos e Verdades

5.     Cerveja não pode estar inserida em um estilo de vida balanceado: mito.

“Esse é outro pensamento bastante equivocado disseminado aqui no Brasil”, afirma Tulio. Assim como o vinho, a cerveja é feita de ingredientes naturais cujos benefícios são cientificamente comprovados.

“Um bom exemplo disso é a cevada, que dá origem ao malte, e o lúpulo. Ambos são ricos em antioxidantes, vitaminas e minerais, que, além de ajudarem a dar corpo, aroma, sabor e textura à cerveja, fazem da bebida uma aliada na dieta balanceada”, afirma Tulio.

6.     O colarinho tem uma função específica: verdade.

A espuma protege a bebida da oxidação, ou seja, impede que ela entre em contato direto com o oxigênio, além de reduzir a perda de gás e ajudar a manter a temperatura. “Dois dedos de espessura é o ideal”, explica Tulio.

7.     Cerveja é uma bebida de baixa caloria: verdade.

A maioria dos brasileiros não sabe, mas a cerveja é uma bebida de baixa caloria, se comparada com outras bebidas, como o vinho e até o suco de laranja, explica Tulio.

Uma taça de vinho tem 240 kcal, enquanto uma taça de cerveja tem pouco mais da metade disso (123 kcal). Além disso, a cerveja possui os mesmos compostos orgânicos benéficos à saúde que o vinho: antioxidantes, vitaminas e sais minerais.

8.     Cerveja de garrafa é mais gostosa que a de lata (ou vice versa): verdade.

O produto é o mesmo, não importa o recipiente, porém, o aroma e sabor podem ser influenciados pelo modo de conservar e resfriar a bebida.

Os excessos são prejudiciais para a degustação da cerveja; o ideal é manter a temperatura constante, seja ela fria ou sem refrigeração.

“Quando ocorre a mudança brusca de temperatura, o sabor da cerveja é prejudicado, sim”, ensina Tulio.

9.     Não existe copo específico para tomar cerveja: mito.

Para que os diferentes sabores e aromas sejam ressaltados, cada estilo de cerveja pede um tipo de copo adequado.

A pilsen pode ser apreciada em uma tulipa ou caneca, a lambic pede taças do tipo flauta e já a weissbier, copos maiores.

Se não tiver o copo ideal, utilize taças de vinho branco.

Dia da Cerveja … a saga continua + Mitos e Verdades

10.  A cerveja é mais saudável que as bebidas destiladas, como a cachaça e o whisky: verdade.

É consenso médico e científico que bebidas fermentadas, como a cerveja e o vinho, são mais saudáveis que as destiladas, como a cachaça, o whisky e a caipirinha.

Isso porque a cerveja tem teor alcoólico menor que as outras bebidas e o álcool da cerveja é obtido a partir de um processo natural chamado de fermentação, mais saudável, portanto.

11.  A cerveja não tem ritos de degustação: mito.

Segundo o beer sommelier Tulio Rodrigues, apreciar e degustar uma cerveja pode ser uma verdadeira experiência sensorial.

Para isso, é necessário ativar os cinco sentidos.

A bebida tem ritos próprios de degustação, assim como o vinho.

“Uma dica é procurar sentir os aromas da cerveja, criando uma memória olfativa da bebida, assim como o tato bucal e até a análise visual de uma cerveja (cor, transparência, formação…)”, explica Tulio.

12. O lúpulo (ingrediente natural que dá o amargor à cerveja) é um poderoso conservante natural: verdade.

Para a Ciência e a Medicina, a função do lúpulo vai muito além de conferir o amargor característico de uma cerveja.

Além de ser um poderoso conservante natural, que pode ser utilizado até na culinária, essa flor é a nova aposta da cosmetologia para clarear a pele e prevenir manchas e inflamações do tecido dérmico e está sendo usado na forma de peeling.

É o que explica a farmacêutica Sara Bentler. “Para se ter uma ideia da qualidade do lúpulo como ativo contra manchas, ele é um dos mais utilizados no Japão, que é um país bastante exigente quando o assunto é manter a uniformidade da pigmentação da pele.

Esse ativo promove o clareamento de forma segura e garante que as manchinhas não voltem”, explica.

13. Cerveja e saúde não combinam: mito.

“A cerveja é o novo vinho”, resume a nutricionista Andrea Zaccaro, presidente da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva que tem acompanhado estudos estrangeiros sobre a bebida.

“Já existe um consenso médico-científico de que é possível obter os benefícios do consumo moderado da cerveja se esse consumo for moderado e responsável”, explica a nutricionista.

De acordo com Andrea, os polifenóis (compostos orgânicos presentes na cerveja) desempenham importante função antioxidante no organismo.

14. Ingredientes naturais da cerveja têm potencialidades que merecem ser exploradas: verdade.

Segundo a nutricionista Andrea Zaccaro, os ingredientes naturais da cerveja fazem bem à saúde dentro e fora da garrafa.

“A cevada, por exemplo, é considerada pelos especialistas como um ‘superalimento’, ou seja, um alimento bastante completo, nutricionalmente muito rico e que pode ser ‘coringa’ em qualquer dieta balanceada”, explica.

O grão, segundo Andrea, pode ser consumido em substituição ao arroz, à farinha de trigo e na preparação de saladas, risotos e até chá.

15. Cervejas artesanais, especiais e mainstream são a mesma coisa: mito.

Segundo o beer sommelier Tulio Rodrigues, podemos classificar as cervejas de acordo com a forma como elas são produzidas, mas todas têm seu público e o seu valor.

“A diferença básica entre elas é que as cervejas chamadas de mainstream têm um processo de fabricação bastante elaborado, complexo, justamente para garantir a qualidade da reprodutibilidade da receita; ou seja, são cervejas com processos de fabricação exemplares que garantem o alto padrão de paladar”, explica Tulio.

Ainda de acordo com o beer sommelier, as cervejas ditas artesanais têm foco na licença criativa: “São cervejas de produções pequenas e mais ousadas, principalmente em termos de ingredientes (castanhas, especiarias e outras receitas até mais inusitadas”, afirma Tulio.

Já as cervejas ditas especiais são todas aquelas cujo preço é 20% maior do que as mainstream. “O que classifica uma cerveja como ‘especial’ é o valor puramente econômico”.

 

 

 

Alessander Guerra

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